Há pessoas que continuam a louvar, por força do hábito ou da
prática, aquilo que está errado, quando a Renamo priva, mata, destroi e pretende entrar para o Governo
por vias ilegais. Um país que, para realizar eleições, precisa de ajudinha de
fora pode estar à beira de uma incerteza eleitoral, se a situação político-militar
continuar. É verdade que se fala de que com a Renamo ou sem ela haverá eleições
a 15 de Outubro. Contudo, a sensatez apela incerteza, porque o comportamento
dos doadores poderá ser determinante, se condicionarem a ajudinha aos avanços nas
negociações e no terreno. Os acontecimentos das últimas horas no Centro do país
não deixam margem para dúvidas. A Renamo move-nos, a nós moçambicanos, uma
guerra injusta. Os preparativos da guerra que já cobrem o nosso solo obscurecem
o nosso futuro. Ela mostra-se tão relutante à reconciliação que é necessária a
força para recuperar a nossa dignidade. Não nos iludamos, senhores! A sua nova
exigência de querer nomear o comandante das Forças Armadas e de Segurança mostrou
a sua natureza belicista.
Ela – é histórico – luta para destruir o regime, desde 1976,
e os 20 anos de paz de que se serve para mostrar o seu lado pacífico foram à
custa de chantagens e muita paciência da parte do Governo. Igualmente ficou
claro que o princípio da PARIDADE era o implemento de guerra e subjugação, o
derradeiro argumento a que a Renamo recorreu para impressionar a opinião
pública nacional e internacional. A sua exibição marcial tem um propósito de forçar-nos à
submissão e as suas rajadas destinam-se a nós, como um povo. As suas forças
nascidas do negro regime do Apartheid foram enviadas para prender e manter
sobre nós, os moçambicanos, as grilhetas que as forças estranhas vêm forjando
há tanto tempo. E o que o Governo tem para lhe opor? Tentar argumentar e fazer concessões
absurdas? Senhor, há mais de três décadas que o vem tentando. Tem algo de novo
a avançar sobre o assunto? Nada. O Governo já o analisou sob todas as
vertentes, mas tudo foi em vão. Recorreu à medidas de excepção revendo uma lei
eleitoral que não tinha dois anos de existência. Que termos encontrará que não tenham
já sido esgotados? Deixemos de nos iludir.
O Governo fez tudo o que estava ao seu alcance para evitar a
tempestade que agora se aproxima. Enviou petições para que Dhlakama viesse à
mesa de negociações, implorou a sua intervenção para deter as mãos tirânicas dos
seus guerrilheiros. As suas petições foram desdenhadas, a sua paciência
produziu violência e insultos acrescidos, as suas súplicas foram ignoradas e os
seus apelos ao diálogo construtivo foram repelidos, com desprezo. Depois de
tudo isto, é inútil entregarmo-nos a alegre esperança de paz sem violência. Já não
há lugar para esperança. Só nos resta o apelo ao Deus das Hostes. Somos mais de
vinte milhões de almas empenhadas na sagrada causa da nossa liberdade. Somos invencíveis
por qualquer força que o inimigo possa enviar contra nós. Desde 1976, repito,
desde 1976 que a Renamo tem lutado contra o Estado Moçambicano e é o momento de
dizer «basta». É tempo de civilizar a Renamo e, caso ela se recuse, há que
procurar antídotos propícios para que deixe de matar inocentes. Nesta missão,
acreditem, não travaremos as nossas batalhas sozinhos. Existe um Deus justo que
preside aos destinos das nações. Ele providenciará amigos para travarem as
nossas batalhas por nós.
E a Renamo será derrotada e porque não extinta!!!, a não ser
que reveja a sua postura. A luta não pertence apenas ao esperto. Pertence ao
vigilante, ao activo, ao corajoso. Não temos escolha. Agora é tarde demais,
para que continuemos a assistir ao somatório de mortes, de refugiados, de
destruições. É inútil, senhor, atenuar o assunto. Os nossos irmãos já se
encontram no campo de batalha, porque permanecemos nós aqui inactivos? Será a
vida tão valiosa, ou a paz tão doce, que possa ser comprada com grilhetas e escravatura?
A massa de vícios que a torrente dos ataques misturou indiscriminadamente com
as virtudes cívicas, faz-me tremer com medo de parecer manchado aos olhos da
posterioridade pela impura vizinhança daqueles homens perversos que se
insinuaram nas fileiras dos sinceros defensores da democracia, quando na
verdade a única coisa que lhes interessa é dividirem o país como um saque em
vez de o tornarem próspero. A fúria que os anima contra tudo o que se opõe aos
seus projectos traça a linha delimitadora entre eles e todas as pessoas de bem.
Se eles estão suficientemente avançados na carreira do crime, que saibam:
existe, no país, um testamento formidável para os opressores do povo!
Pedro, MHRIC
Pedro, MHRIC
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