Durante o desagradável mês de Abril, Moçambique atravessou
uma crise – que é incontestavelmente a mais severa, talvez a mais decisiva, que
esta geração tem afrontado. Através dos últimos 20 anos, a Renamo, por uma sequência
de factos, alguns imprevistos, começou a entrever, como sonho realizável, a refundação
d’um grande exército de descontentes. E, com aquela viva clareza de propósito e
segura tenacidade de execução, que constituem a sua força, encetou uma série de
actos, que, terminando há tempos pelos massacres policiais de Muxungue, autorizam
o seu líder e os seus Publicistas a considerar esse Partido como uma realidade
esplêndida, de que gozarão os filhos dos homens sem justiça e sem escrúpulo que
lhe lançaram as primeiras bases.
Esse movimento, segundo o traçaram nos seus
largos contornos as publicações oposicionistas, estender-se-há de Norte a Sul e
a vida dos moçambicanos, será a grande estrada d’agua até à Ponta Vermelha. De repente a Renamo ficou com razão em tudo. Perante
esta ameaça virtual precisamos de desarmar a Renamo. Perguntais, qual é o nosso
objectivo? Respondo-vos com uma única palavra – desarmamento. Desarmamento a todo o
custo – desarmar a Renamo apesar de todos os terrores – desarmamento, por muito longo e
difícil que seja o caminho, porque sem desarmamento da Renamo não há sobrevivência para a Frelimo e para os moçambicanos.
Discuti o
exposto num espírito tão puro, claro e religioso. Os discursos da Renamo, que são
muito violentos, conheceu-os o auditório. Que isto fique bem claro. Não haverá
sobrevivência para Moçambique, para tudo aquilo que a nossa posição representou: sobrevivência da vontade, do impulso dos tempos, para que os moçambicanos
avancem em direcção ao seu objectivo de prosperidade. Proteger o escudo dos moçambicanos - a Frelimo - deve ser o imperativo daqueles que desejam continuar a viver e prosperar em paz.