sábado, 4 de maio de 2013

Se a Despartidarização enfraquecer a Frelimo ela não recuará um milimetro

Se o teu inimigo te critica é porque estás num bom caminho. Levantam-se vozes apelando a despartidarização do Estado e a desfrelimização das instituições públicas. Esta exigência representa por si uma linha vermelha, como já fiz notar aqui. Faz tempo (2012) que escrevi isto, mas continua actual: A Frelimo não vai recuar um milimetro se tal recuo significar perda de protagonismo político. Venerados irmãos, que em tão reduzido número, circundados de armas de arremesso apontados à Frelimo, formais majestosa coroa a Oposição Moçambicana, vós que com a vossa presença abrilhantais este grandioso blog «videte vocationem veitram» (I Cor. 1:26), isto é, vede e considerai bem a vossa vocação: ajudar a Frelimo para melhor Governar. É diferente de «dizer a Frelimo como governar». Embora ela se encontre já melhor representada na AR, contudo, da melhor vontade vos faz ouvir directamente a sua voz, para convosco interagir, repetindo a saudação tão tradicionalmente moçambicana «do Rovuma ao Maputo, do Zumbo ao Índico, na luta contra a pobreza» porque só juntos somos efectivos.
 
Nosso coração rejubila, nosso espírito extasia-se contemplando o magnífico espectáculo, que aos céus e à terra moçambicanos oferece a vossa dedicação em prol do bem-estar geral. Espectáculo tanto mais consolador quanto é a expressão fiel da fé em Dhlakama, Raúl Domingos, Simango ou Sibindy por parte daqueles que lhes seguem os ideais. A Frelimo segue ideais que a faz ver todo o frelimizado Moçambique de olhos à volta dela, erguido no esplêndido cenário de um partido cada vez mais servil e presente nos anseios populares, para vitoriar e tributar suas homenagens aos libertadores da pátria, em estos de fervor e devoção, em solenes actos de reparação e desagravo, em protestos convictos de fidelidade, de indefectível correspondência ao seu eterno engajamento na construção de Moçambique. Ela não pode sentir pena das derrotas da oposição, suas vitórias foram reconhecidas internacionalmente. Como quem está a governar, não irá aceitar que o seu programa sufragrado pelo povo seja distorcido por causa dos que não vêem a hora de também governar.
 
Não entrou a Frelimo na História sob signo da cruz de Cristo para ser santa. Tem seus defeitos. Aprende com os erros e dentro do próprio processo. Não começou a Frelimo com o estágio num pedaço de terra para governar Moçambique. Ela tomou conta de todo o país, cercado de inimigos confessos e poderosos. Naquela gloriosa jornada do 25 de Setembro, quando à sombra das primeiras espingardas formada com punhos moçambicanos e arvoradas em terra moçambicana se cantava o hino da liberdade houve, tal como hoje, quem ousasse chamar de Hipócritas e mentirosos aqueles homens. Nós bendizemos ao Senhor por vermos reflorir esta atitude de menosprezar os outros para ganhar protagonismo, aliás, aquilo contra o qual dizem estar a combater. Infelizmente, a oposição ao encontrar justificativa de seus fracassos na adversária Frelimo contribui para que a sua aurora não chegue a ser dia. Bendizemos ao mesmo tempo quantos com o seu discernimento têm contribuído para o prometedor florescimento de uma oposição construtiva na pessoa do Sibindy para quem vossos ataques também estão direccionados. Os que compreenderam que mesmo com a Frelimo no poder é possível contribuir positivamente.
 
A todos os que têm sabido fazer uma oposição construtiva que, embora obra silenciosa, mas constante e cada vez mais vasta e fecunda, estendemos-lhes as mãos e o coração bem-intencionado. Que esta florida primavera colaboracionista não desvaneça com os ecos dos ataques, mas alastre e se traduza em frutos de bênção por todos os partidos. Assim como em Moçambique cabem todos, na Frelimo também há espaço de escutar  e considerar as ideias de todos. Vinde e vede, na casa do Pai há muitas moradas. Acreditamos que juntos podemos tornar o país numa grande nação e na colaboração está cifrada a maior glória, a maior grandeza, a verdadeira felicidade... Mas essa grandeza impõe deveres, acarreta responsabilidades: de sermos tolerantes no pleno sentido da palavra. Que o retiro de Dhlakama em Satungira e as renovadas reuniões dos outros partidos da oposição ajudem a desvendar o local onde depositamos as tabuas da salvação e devolvam ao país o verbo «colaborar». Como zebra perseguida pelo leão, a Frelimo sabe que os dentes do leão não são sinal de sorriso e porque não tem corpo de mártir, nunca brincará com aquilo que a pode destronar violentamente. Quanto mais o teu inimigo te critica,  é porque estás num bom caminho, diz-nos Xenofonte.
 
Pedro MAHRIC