Tenho visto a oposição desenvolver esforços consideráveis no
sentido de mobilizar o país contra a Frelimo, agora instalada à ilharga dos
lares dos seus próprios líderes. Mas o certo é que não falta quem veja nessa
atitude uma clara luta contra os ventos da História, que ela própria parece ter
visto soprar com alguma indiferença, senão tranquilidade, sobre Pemba, depois
sobre Cuamba, parecendo apenas inquietar-se seriamente quando chegou às suas
portas, naquele 18 de Abril, aquilo que, em face do enorme desastre já
consumado, pode chamar-se uma ligeira brisa. Tínhamos visto profetas
profetizando o fim da Frelimo mas a história registou o princípio do fim da
oposição. Naquele dia de glória, a prontidão das forças de segurança, evitou o
pior que tinha sido arquitectado sob a cortina de ferro. Jovens instrumentalizados acabaram parando em tribunais em processos que o bom senso poderia evitar e que franja da oposição insistiu que acontecesse. A política que tem
levado a estes resultados é a que nós chamamos de reaccionária, porque justamente
é caracterizada pela mesquinha defesa de interesses exclusivos, sem respeito
pelos interesses daqueles mesmos que mais de uma vez foram chamados a honrar
com o sangue do seu povo a fidelidade ao que supunham ser a mesma concepção de
vida.
Tal como profetizaram naquele tempo, eis que hoje, os mesmos videntes fracassados de ontem aparecem com esperança renovada, não se sabe como e de onde. Do ponto de vista daqueles a quem o acaso confiou a liderança da oposição, não é a extensão dos insultos e acusações falsas nem enganosas promessas ao povo que dá aos ventos a dignidade de ventos da História. A Frelimo tem optado por colocar em cargos de chefia as pessoas de sua confiança tal como tem acontecido nos municípios sob gestão da oposição. Parece-nos contraditório que esta, que nunca colocou nenhum frelimista nas suas hostes, venha de boca cheia sugerir a Frelimo para colocar os seus quadros na função pública, os quais, no estado actual, só poderão contribuir para a sabotagem e fragilização do poder central e dos objectivos preconizados. Por isso temos certa dificuldade em entender que, não aceitando esse critério para uso próprio, o vejam como bom para os outros. A oposição precisa não apenas entender mas sobretudo compreender que actualmente é a Frelimo quem governa Moçambique com uma agenda por si feita que não contempla governo de unidade nacional. Tanto que insista em que a Frelimo deve melhorar, tomando como exemplo apenas o número de vezes que já faliu a presença dos partidos da oposição em Moçambique, cabe ao povo decidir e acompanha os ventos da história quando se recusa a contribuir voluntariamente para a catástrofe geral da oposição nestas paragens.
Eu entendo que a falência sucessiva dos esforços desenvolvidos, directamente ou sob algumas ONGs, para conter a expansão frelimista, demonstra a injustiça da causa que continua a convencer-nos a todos da oportunidade de sacrificar muitos dos nossos recursos a manutenção da democracia, e por isso também entendo que a falência sucessiva da oposição demonstre a injustiça da causa a que temos sacrificado o melhor nas nossas energias, interesses e capacidades. Pelo contrário, sabemos pela experiência que todos estes desastres se têm somado em benefício do adversário comum, a pobreza, e por isso, entendo que se trata do mesmo processo de erosão cuja vítima final é Moçambique e, com ele, tudo quanto no país representa a expressão do espírito nacional. Não consigo encontrar motivos para supor que é a partidarização do Estado que trava o avanço da oposição quando somos um país com mais de 20 milhões de almas e não consigo descortinar motivo que nos leve a aceitar como razoável uma diversidade de atitudes em relação a interesses cuja perda beneficiará sempre o nosso adversário político. A oposição esqueceu-se de um aspecto fundamental do problema, o qual se traduz na íntima e vital relação que existe entre certos valores da política nacional e subsistência do povo que sempre lhes prestaram homenagem. Quando o povo escolheu a Frelimo já existia a partidarização da função pública enquanto ela lutava para criar um ambiente de coexistência política sadia com aqueles que a não aceitam!
Ora este dado fundamental da problemática da coexistência política foi uma constante da acção governativa, que considerou sempre igualmente válidos os direitos dos simpatizantes da oposição e os direitos dos partidos a que naturalmente pertencem. Considerou-os sempre igualmente válidos como valores que devem ser preservados por fazerem parte do património comum da moçambicanidade e não como simples valores instrumentais facilmente substituíveis por outros ao serviço de novos interesses. Mas isto não significa que seja a Frelimo a torcer a corda com que se enforcar. Pelo contrário, ela tem o direito de procurar os melhores antídotos contra a praga de calúnias que lhe vêm de todos os cantos. Que seja a oposição a apontar as vias pelas quais se deva processar a despartidarização do Estado, ao invés de só criticar e sem nenhuma sugestão. A experiência da Frelimo é também alguma coisa de importante que deveria ser tomada em conta pelos sábios e perplexos encarregados de definir um novo esquema para a coexistência política, e que até agora não conseguiram senão alargar as possibilidades de conflitos de interesses. Dizendo isto, antecipo de alguma maneira a resposta à questão que muitas vezes me tem sido posta de saber porque é que a Frelimo teima na manutenção da sua política de alargamento de células, e até a questão de saber porque é que a Frelimo não abandona partidarização do Estado. É porque parece mais claro a oposição estar só a criticar sem trazer soluções aos problemas que ela mesma levanta. No lugar de propor soluções esforça-se em levantar cada vez mais problemas.
Acusa o partido no poder de imobilismo em face de um mundo em mudanças e também não faltam acusações no sentido de que a sua persistência se traduz numa política arrogante. O quadro destas acusações não fica mais negro se acrescentarmos que vêm dos dois lados da cortina de ferro que representam a nossa oposição, o que por vezes parece assumir o aspecto de uma unanimidade condenatória impressionante. Ninguém estranhará, por consequência, que a Frelimo muitas vezes se sinta a si própria como uma espécie de Berlim, igualmente cercado pelo ódio e pela fraqueza, e todavia levantando com teimosia, mas também com coragem, a bandeira da liberdade. Em primeiro lugar, não entendo que se acuse de imobilismo um partido que sustenta ser necessário que o espírito da unidade nacional continue a projectar-se em todas as famílias e aceita que se considere dinâmica a política que os outros partidos desenvolvem na arena nacional. Compreendo que sentimentos de pudor nacional levem a chamar dinâmica à prática de abandonar rapidamente todos os pontos onde surge uma ameaça do inimigo e de abraçar atitudes ditatoriais como tem acontecido na oposição, aconteceu na primeira geração de partidos; e também na segunda e parece que começa a acontecer num partido da terceira geração que há semanas advogava um esplêndido exemplo de democracia. A nós, que somos um partido simples mas secular e com pouca experiência dessas subtilezas, tem-nos parecido que esse dinamismo se traduz no abandono dos ideais, na fuga às responsabilidades, na quebra da palavra dada, no progresso da perda da dignidade do homem numa extensão com poucos precedentes na História. Em resumo, ausência de uma agenda contínua!
Por outro lado, tenho a convicção de que a Frelimo representa uma notável conquista dos moçambicanos e recuso-me a aceitar o carácter progressivo da nova política que a vê em tudo o que é grupo social, transpondo para um plano nacional lamentáveis exemplos de tragédia partidária em que ser da Frelimo passa a ser crime. Tenho a certeza de que alguns dos nossos amigos suspeitarão que esta observação diz respeito à sua estrutura social interna enquanto membros de respectivos partidos e não me custa dizer que não estão enganados. E também gostaria que esses amigos, a quem as circunstâncias atribuíram uma chefia que porventura não desejaram, mas de que se dizem orgulhosos, tivessem a bondade de dizer, com clareza igual, que a experiência lhes mostra que a sua política começou por erros que se foram corrigindo com o tempo e que agora ainda não se encontram minimamente preparados para enfrentar a gigantesca máquina frelimista. Como os factos são estes, não é de estranhar que se tire a conclusão de que andaram à procura de uma experiência política baseada na destruição prévia dos alicerces legítimos dos partidos alheios. Pouco importa que se tenham inventado novos nomes para esconder a sua dependência aos seus patrões estrangeiros, mas importa muito sublinhar que a Frelimo foi e está a ser expelida em favor dos interesses de patrões estrangeiros, os mesmos que pagam as cotas para milhares de pueris que se dizem membros mas que nunca contribuíram com um único centavo para cotas partidárias e sem qualquer proveito para os moçambicanos. Ainda é conveniente sublinhar o seguinte: que o proveito tem sido maior para a oposição, a qual conta com o apoio governamental para fortificar as suas acções.
Tal como profetizaram naquele tempo, eis que hoje, os mesmos videntes fracassados de ontem aparecem com esperança renovada, não se sabe como e de onde. Do ponto de vista daqueles a quem o acaso confiou a liderança da oposição, não é a extensão dos insultos e acusações falsas nem enganosas promessas ao povo que dá aos ventos a dignidade de ventos da História. A Frelimo tem optado por colocar em cargos de chefia as pessoas de sua confiança tal como tem acontecido nos municípios sob gestão da oposição. Parece-nos contraditório que esta, que nunca colocou nenhum frelimista nas suas hostes, venha de boca cheia sugerir a Frelimo para colocar os seus quadros na função pública, os quais, no estado actual, só poderão contribuir para a sabotagem e fragilização do poder central e dos objectivos preconizados. Por isso temos certa dificuldade em entender que, não aceitando esse critério para uso próprio, o vejam como bom para os outros. A oposição precisa não apenas entender mas sobretudo compreender que actualmente é a Frelimo quem governa Moçambique com uma agenda por si feita que não contempla governo de unidade nacional. Tanto que insista em que a Frelimo deve melhorar, tomando como exemplo apenas o número de vezes que já faliu a presença dos partidos da oposição em Moçambique, cabe ao povo decidir e acompanha os ventos da história quando se recusa a contribuir voluntariamente para a catástrofe geral da oposição nestas paragens.
Eu entendo que a falência sucessiva dos esforços desenvolvidos, directamente ou sob algumas ONGs, para conter a expansão frelimista, demonstra a injustiça da causa que continua a convencer-nos a todos da oportunidade de sacrificar muitos dos nossos recursos a manutenção da democracia, e por isso também entendo que a falência sucessiva da oposição demonstre a injustiça da causa a que temos sacrificado o melhor nas nossas energias, interesses e capacidades. Pelo contrário, sabemos pela experiência que todos estes desastres se têm somado em benefício do adversário comum, a pobreza, e por isso, entendo que se trata do mesmo processo de erosão cuja vítima final é Moçambique e, com ele, tudo quanto no país representa a expressão do espírito nacional. Não consigo encontrar motivos para supor que é a partidarização do Estado que trava o avanço da oposição quando somos um país com mais de 20 milhões de almas e não consigo descortinar motivo que nos leve a aceitar como razoável uma diversidade de atitudes em relação a interesses cuja perda beneficiará sempre o nosso adversário político. A oposição esqueceu-se de um aspecto fundamental do problema, o qual se traduz na íntima e vital relação que existe entre certos valores da política nacional e subsistência do povo que sempre lhes prestaram homenagem. Quando o povo escolheu a Frelimo já existia a partidarização da função pública enquanto ela lutava para criar um ambiente de coexistência política sadia com aqueles que a não aceitam!
Ora este dado fundamental da problemática da coexistência política foi uma constante da acção governativa, que considerou sempre igualmente válidos os direitos dos simpatizantes da oposição e os direitos dos partidos a que naturalmente pertencem. Considerou-os sempre igualmente válidos como valores que devem ser preservados por fazerem parte do património comum da moçambicanidade e não como simples valores instrumentais facilmente substituíveis por outros ao serviço de novos interesses. Mas isto não significa que seja a Frelimo a torcer a corda com que se enforcar. Pelo contrário, ela tem o direito de procurar os melhores antídotos contra a praga de calúnias que lhe vêm de todos os cantos. Que seja a oposição a apontar as vias pelas quais se deva processar a despartidarização do Estado, ao invés de só criticar e sem nenhuma sugestão. A experiência da Frelimo é também alguma coisa de importante que deveria ser tomada em conta pelos sábios e perplexos encarregados de definir um novo esquema para a coexistência política, e que até agora não conseguiram senão alargar as possibilidades de conflitos de interesses. Dizendo isto, antecipo de alguma maneira a resposta à questão que muitas vezes me tem sido posta de saber porque é que a Frelimo teima na manutenção da sua política de alargamento de células, e até a questão de saber porque é que a Frelimo não abandona partidarização do Estado. É porque parece mais claro a oposição estar só a criticar sem trazer soluções aos problemas que ela mesma levanta. No lugar de propor soluções esforça-se em levantar cada vez mais problemas.
Acusa o partido no poder de imobilismo em face de um mundo em mudanças e também não faltam acusações no sentido de que a sua persistência se traduz numa política arrogante. O quadro destas acusações não fica mais negro se acrescentarmos que vêm dos dois lados da cortina de ferro que representam a nossa oposição, o que por vezes parece assumir o aspecto de uma unanimidade condenatória impressionante. Ninguém estranhará, por consequência, que a Frelimo muitas vezes se sinta a si própria como uma espécie de Berlim, igualmente cercado pelo ódio e pela fraqueza, e todavia levantando com teimosia, mas também com coragem, a bandeira da liberdade. Em primeiro lugar, não entendo que se acuse de imobilismo um partido que sustenta ser necessário que o espírito da unidade nacional continue a projectar-se em todas as famílias e aceita que se considere dinâmica a política que os outros partidos desenvolvem na arena nacional. Compreendo que sentimentos de pudor nacional levem a chamar dinâmica à prática de abandonar rapidamente todos os pontos onde surge uma ameaça do inimigo e de abraçar atitudes ditatoriais como tem acontecido na oposição, aconteceu na primeira geração de partidos; e também na segunda e parece que começa a acontecer num partido da terceira geração que há semanas advogava um esplêndido exemplo de democracia. A nós, que somos um partido simples mas secular e com pouca experiência dessas subtilezas, tem-nos parecido que esse dinamismo se traduz no abandono dos ideais, na fuga às responsabilidades, na quebra da palavra dada, no progresso da perda da dignidade do homem numa extensão com poucos precedentes na História. Em resumo, ausência de uma agenda contínua!
Por outro lado, tenho a convicção de que a Frelimo representa uma notável conquista dos moçambicanos e recuso-me a aceitar o carácter progressivo da nova política que a vê em tudo o que é grupo social, transpondo para um plano nacional lamentáveis exemplos de tragédia partidária em que ser da Frelimo passa a ser crime. Tenho a certeza de que alguns dos nossos amigos suspeitarão que esta observação diz respeito à sua estrutura social interna enquanto membros de respectivos partidos e não me custa dizer que não estão enganados. E também gostaria que esses amigos, a quem as circunstâncias atribuíram uma chefia que porventura não desejaram, mas de que se dizem orgulhosos, tivessem a bondade de dizer, com clareza igual, que a experiência lhes mostra que a sua política começou por erros que se foram corrigindo com o tempo e que agora ainda não se encontram minimamente preparados para enfrentar a gigantesca máquina frelimista. Como os factos são estes, não é de estranhar que se tire a conclusão de que andaram à procura de uma experiência política baseada na destruição prévia dos alicerces legítimos dos partidos alheios. Pouco importa que se tenham inventado novos nomes para esconder a sua dependência aos seus patrões estrangeiros, mas importa muito sublinhar que a Frelimo foi e está a ser expelida em favor dos interesses de patrões estrangeiros, os mesmos que pagam as cotas para milhares de pueris que se dizem membros mas que nunca contribuíram com um único centavo para cotas partidárias e sem qualquer proveito para os moçambicanos. Ainda é conveniente sublinhar o seguinte: que o proveito tem sido maior para a oposição, a qual conta com o apoio governamental para fortificar as suas acções.
Pedro MAHRIC