segunda-feira, 6 de maio de 2013

Deve a Frelimo defender-se?

Pretendem alguns, com recurso a insultos e adjectivos, contrariar as directivas que nortearam o trilho da Frelimo, enquanto outros entoam cânticos de louvor à oposição, à vista de todos nós; e a oposição entusiasma-se pela violência psicológica e insultos a que sujeita ao partido no poder. Admirando com júbilo a exclusão de milhares de cidadãos que poderiam contribuir em ideias e acções para o bem-estar de todos gaba-se pelos erros da Frelimo, passados e presentes, e insinua um visionismo negro para o país enquanto continuar em suas mãos. Perante os factos, ilusoriamente propalados, os moçambicanos imaginam que a vitória da Frelimo há-de vir em resultado dos esforços que ela emprega? Pois estão redondamente enganados. Ela tem de vir porque a oposição a chama, com as suas provocações e insultos ao poder legitimamente estabelecido. Para ela, o poder está podre e corrupto e, por isso, um dia, há-de cair como caem da árvore os frutos que apodrecem. Esqueceu ela que faz parte desta sociedade e que tem parte de responsabilidade! Esqueceu ela que está tão dividida em conflitos intestinais na definição do alvo doméstico. Esqueceu ela que não são os descontentes que governam um país. Que revisite as páginas da História sobre a Comuna de Paris!

A felicidade da oposição não pode já durar muito porque ela, velha e podre, não tem já força para resistir á corrente emancipatória do cada vez mais frelimizado povo moçambicano, cuja impetuosidade rechaça, tentando pôr-lhe diques! Seus partidos, n’um, talvez no último paroxismo da agonia, erguem-se em ditadura usando como instrumento a calúnia contra o esforço braçal do governo, contra o sacrifício da polícia, contra a Justiça e, em última instância, contra o próprio seu Governo ao qual deveriam submeter-se. Ao invés de submeter-se às instituições deste, entregam-se à confiança cega nos meios de comunicação, e atiram-se ferozmente á democracia, julgando estrangulá-la com a perseguição á livre escolha do povo que escolheu a Frelimo, diga-se, com maioria absolutíssima, transforma o que representa para ela tão grande sacrifício em brincadeira contra a soberania popular e ao progresso! Coitada Oposição! Julgando salvar-se do próximo castigo eleitoral, abismou-se ainda mais!

Ela no seu todo, embora aparente ter brilhado neste momento de crise, está em declínio, porque as cinco décadas da existência da Frelimo não representam a velhice, mas uma esperança e sonhos renovados rumo ao progresso. A calúnia contra ela é um parêntesis aberto no período da liberdade para obscurecer a ideia democrática que se desenvolve de dia! A Frelimo não se contenta com o lugar de vítimas porque quer orientar milagrosamente os seus objectivos. A oposição luta para a colocar na defensiva! E ela responde-lhe com igual medida. É quase seguro que não é no silêncio que superaremos este obstáculo, por um lado, por outro, é mais seguro ainda que a resposta agressiva contra estes insultos, indicaria o princípio da anarquia geral. Entendo ser um dever de consciência facilitar ao povo a maior união possível para a rápida consciencialização dos perigos que estes insultos escondem. A oposição mais intolerante e arrogante, vingativa e invejosa. Não há bem nenhum que a Frelimo tenha feito em 50 anos da sua existência, partilhados entre a dor e a alegria. Foram 28 anos de guerra e turbulência. É preciso que a História registe. Há 37 anos que a Frelimo é paciente com as brincadeiras: chega!

A imprensa livre, em vez de reconhecer-lhe os direitos históricos do seu sofrimento na luta contra o tribalismo, divisionismo e, ultimamente, contra a absoluta pobreza, atreve-se a falar de uma guerra perdida e de que a pobreza está a aumentar! A imprensa livre, em vez de se deslocar aos distritos e testemunhar in loco o grosso de infra-estruturas ali e acolá levantadas e superiormente inauguradas, ousa propalar que não há progresso e há um recuo! Porque não faz ela as contas sobre a relação entre o propalado recuo, infra-estruturas, o nível de vida da população de há 10 anos e nascimentos? Se a Frelimo perdeu a guerra, quem a ganhou? Até provas em contrário, recuso-me a acreditar que o verdadeiro povo moçambicano, maravilhoso e heroico, se junte aos que defendem o subdesenvolvimento. Foram 37 anos em cuja dedicação foi-lhe tão heróica que os estados inimigos merecidamente o admiram!! Até provas em contrário, recuso-me a acreditar que o verdadeiro povo moçambicano queira derramar novamente sangue e lançar o país numa catástrofe por causa de interesses obscuros em plena luz do dia.

Contudo, não nos podemos dar ao luxo de ignorar as possíveis consequências da nossa letargia nos futuros desenvolvimentos. Às calúnias se deve responder com elogios. Às denúncias sobre a corrupção, se deve responder com punições exemplares e às suspeitas se deve responder com explicações e esclarecimentos claros. Um partido digno do seu passado e do seu nome não pode tomar e nunca tomará uma posição indiferente, quando os ataques lhe vêem de todas as direcções. 50 anos ajuízam, em parte, a velhice e a imperiosa necessidade de renovação, sob perigo de sofrer graves golpes e morrer precocemente de tanto stress. A chave do sucesso está na juventude que, nesta hora histórica, revelou tanta força de carácter que já não a podemos atrever a ameaçar com palavras sem acções. A oposição tenta confundir o povo, obrigando-lhe a negar a sua própria história e a transformar o sofrimento numa virtude e conformismo, quando a Frelimo apela ao trabalho.

Nenhuma sociedade atingiu elevado nível de vida criticando. Todos os comentaristas que explicam a natureza do poder estão a expressar a ideia de que há política de exclusão, quando eles, usando instrumentos contundentes, aproveitam a ignorância do povo para lhe inculcar a ideia da negação à inclusão. Não há um único comentarista entre aqueles que criticam a Frelimo que negue esta verdade fundamental de que esta libertou a pátria e que é o garante da unidade nacional. E agora, quando a máquina partidária começa a movimentar-se para a destruição dos empecilhos do positivo progresso democrático e remoção dos instrumentos de opressão e a conquista do progresso, estes comentadores colocam a situação como se a Frelimo estivesse a abandonar a resistência e pronta a submeter-se à minoria oposicionista interna e à ínfima oposição externa que insultam os seus líderes a seu bel-prazer como se no partido não existisse uma maquinaria capaz de rechaçá-la com os mesmos meios a que eles se socorrem!!

A juventude está descomprometida com o passado histórico e ela, descontente que está, pode constituir em nosso pesadelo mais certo. Felizmente podemos dizer a todos que ainda há tempo para reparar os erros cometidos e assinar o novo contracto social que vislumbre uma reconciliação duradoira, garante de uma vitória confortável. Se a vitória não for fácil, difícil será consolidar o triunfo. Sendo a sobrevivência uma necessidade tão premente e óbvia, confesso que a Frelimo deve tudo fazer para a conquistar, como sempre o fez. Os frelimistas amam o seu partido por isso o defendem. Mantém ao mesmo tempo os simpatizantes em atitude vigilante, responsável e combativa usando os meios com que a oposição se socorre quando insulta o seu presidente e o calunia, a fim de por rapidamente o país em marcha e tenho fé, na conduta heróica de cada camarada que tornará possível a sua filosofia. Por isso, a Frelimo deve defender-se. Este é o imperativo do momento!
 
Pedro MAHRIC

Contra o discurso Tribalista da Renamo

"A Frelimo enviou polícias e militares do Sul para atacar a população do centro. Despachou 'machanganas' para matar 'chingondos' em Muxúnguè, mas os 'chingondos' responderam", Arlindo Milaco, chefe de mobilização nacional da Renamo.
  
Ressentimos hoje, 20 anos depois, os efeitos dos carros emboscados pela Renamo nas colunas militares. Talvez a juventude não saiba as razões históricas da falta de transporte com qualidade. Tendo passado duas décadas, sempre trabalhando e lutando com acrisolado amor ao povo, é com mágoa que ressentimos hoje, a falta de quadros públicos a todos os níveis chacinados pela Renamo como meio de criar impacto maior na instabilidade nacional. É preciso reconhecer que também tivemos culpa no cartório mas nós tínhamos chegado a ponto de contar apenas com a força do nosso braço e a grande vontade de vencer. O país ressente hoje a falta de estradas e pontes outrora minadas – recordemos do Pungue –, das fábricas outrora desenvolvidas a Norte do Save. Ora isto é, realmente, muito, mas não é tudo. Espanta-nos que, não obstante ser verdade, após todos os danos que a Renamo causou pelas próprias mãos venha reclamar que não há desenvolvimento, que há má distribuição da riqueza, que o norte está mal. É com algodão nos tímpanos que ouvimos da vossa boca que pretendeis dividir o país, cuja unidade foi regada com sangue! A Frelimo, devidamente auxiliada pela razão tende reconstruir o país! Não sejais porta-vozes do diabo e nem aspireis viver a hipocrisia. É injusto que vivendo anos ininterruptos na capital e no sul em geral, casados com as mulheres e com os homens de todas as tribos comeceis a chamar tribalista quem vos acolheu a ponto de esquecerdes os vossos, lá no Norte.

Nós suportamos os anos do repolho e de carapau e agora que erguemos o país dos escombros, eis que apareceis para destrui-lo novamente! Quereis ir alimentar novamente a indústria de Carne do Botswana conseguida pela bicha? Talvez não saibais que enquanto acabáveis o gado das já pobres comunidades nós comêssemos a carne vinda do Botswana! Talvez não compreendeis pois enquanto nós não tínhamos dinheiro para comprar algo vós penetráveis pela mata de onde regressáveis com algumas gazelas. Nós somos sobreviventes do grande desespero, engolidos pela vingança humana! Nós já fomos acordados pelo som da espingarda. Nós já sofremos ataques de três/quatro forças! Ainda recordamos o Janeiro de 1982 quando a República da África do Sul atacou Matola, através de comandos e mercenários que se infiltraram pela zona de Ressano Garcia. Em vez de ficarmos choramingando, a voz de Samora animou-nos ao dizer «que venham»! Que apareçam! Ainda temos na memória o 17 de Agosto de 1982 em que foi morta a bomba mulher de Joe Slovo, Ruth First. Aí na UEM. Não esquecemos o 7 de Abril de 1988 em que Albie Sachs escapou sem braço a um ataque similar que deflagrou no seu carro.
Ultimamente, antes de Dhlakama embarcar para Gorongosa, por ocasião do 17 de Outubro, de onde tem lançado as suas ameaças, perguntamo-nos: porque não vai até Maputo ou Beira? Nós teríamos grande prazer em lhe fazer as honras da casa. As nossas cidades precisam de pessoas do seu valor, que a visitem, a percorram, a estudem, porque fazem parte integrante e inseparável da nossa nação. Como até hoje, não se lhe deparou oportunidade, para fazer essa viagem, da qual, indubitavelmente, adviriam resultados profícuos, não só para enriquecer a nossa auto-estima, mas também para esclarecer vários e importantíssimos problemas nacionais, lembramo-nos (vede a nossa ousadia)  de lhe oferecer esta modesta e humilde promessa, sem nenhum valor divino, mas que, talvez, lhe possa sugerir a ideia de se dedicar a assuntos nacionais: as portas do diálogo estão abertas. Valer-lhe-á a honra de ter o seu glorioso contributo em avisar ao Dhlakama que pare de ameaças, a Frelimo já aprendeu. Em 2013 os 43 municípios passarão, na sua totalidade, ao glorioso, sem pena nem dó. Quanto a materialização das repetidas ameaças responderemos com Samora: «que venham! Que apareçam!».
 
Pedro MAHRIC