Referimo-nos jocosamente à uma orquestra de jazz que é a
Renamo, orquestra essa que executa sob a regência do Senhor Dhlakama, o
dissonante rock do anti-frelimismo. A coisa não teria importância de maior se
apenas os frelimistas ouvissem a orquestra, porque estes tapariam os ouvidos
até que os músicos acabassem a sua ária. O pior é que outros concidadãos, não
distinguindo a boa da ruim música, vão ouvindo e impressionam-se, julgando que
aquela é a verdadeira arte de emitir sons harmoniosamente. Mas a intenção da
orquestra é exclusivamente a de atingir o povo cujos interesses diz defender.
A
orquestra recebeu subitamente o influxo da entrada de outras entidades,
notadamente a outra oposição, a oposição das contrapartidas. Por outro lado, e
no fim de contas, os membros desta outra oposição, unidos e reunidos em torno
de certos protagonistas, já servem de porta-vozes de uma Renamo em apulo. Os
dois partidos chefes da oposição, a Renamo e esta outra oposição, que têm vindo
a afirmar a sua fidelidade e o seu respeito ao anti-frelimismo, os primeiros
sinceramente, os segundos com a sua hipocrisia habitual da sua política de
autovitimização, estão muito confusos sem saber se, nas actuais circunstâncias
devem rir ou chorar visto que a orquestra tem lugar no seu próprio bastião. Ai,
a população anda de arbusto em arbusto em busca de segurança. A orquestra desta
dupla pode continuar a exibir-se.
A ária estridente do ódio à Frelimo já
ninguém engana. Essa outra oposição, que sempre tem utilizado um certo Jornal especialmente
como plataforma da sua propaganda, até há bem pouco tempo considerou que existe
uma grande oportunidade por explorar. Mas hoje o cenário sombrio se desenha no
horizonte. O 20 de Novembro pode vir trazer surpresas inesperadas. Recentemente,
alguns líderes atravessaram o rio Zambeze cercados dos seus sequazes mais em
evidência no avião do que no terreno. E lá ao Norte, as populações ficaram-lhes
indiferentes. Todos ali se concentraram, numa reunião que se procurou fazer
excepcionalmente aparatosa, mas a orquestra não teve audiência. Porque ninguém deseja
uma orquestra de tiros.
Pedro MAHRIC