Ao acordar, todos os dias, sinto o sentido desta vitória limpa que
Filipe Nyusi alcançou no dia quinze de Outubro. Uma vitória que abre caminho
novo para a pátria cujo protagonista é e será sempre o povo moçambicano.
Disse-o e devo repeti-lo: se a vitória não foi fácil, difícil será consolidar a
materialização de tudo quanto foi prometido. Apenas quero assinalar perante a
História o facto de que quando um indivíduo é capaz disto, será também capaz de
fazer com que o país progrida e que o homem e a mulher da nossa terra, o casal
humano, também tenha um direito autêntico ao trabalho, ao emprego, à habitação,
à saúde, à educação, ao descanso, à cultura e à recreação. Ao escolher o
projecto de continuidade, o povo compreendeu que a revolução não implica
destruir mas sim construir, não implica arrasar mas sim edificar,
comprometendo-se, ao mesmo tempo estar preparado para essa grande tarefa.
Há agitadores clandestinos com rabo à espreita que pretendem ver
revoltado o povo moçambicano e, certamente, rezam ao mesmo Deus da paz para que
haja distúrbios. Mas este povo, com a luz divina, sabe que os seus problemas
não se resolvem partindo vidros ou amolgando um automóvel, nem odiando aos
ricos como se fossem a causa da sua pobreza. E aqueles que estão constantemente
a dizer que a vossa governação será caracterizada por violência e distúrbios,
encontrarão a consciência e a responsabilidade do povo que canta o futuro, o
povo cuja civilidade nos deixou felizes. O facto de estarmos felizes e
esperançados não significa que vamos descurar a vigilância. Mesmo nas horas em
que o povo agarrar a cintura da nação para dançar o «nenhum tirano nos irá
escravizar» a vigilância deverá ser mantida, em atitude responsável, dispostos
a responder à chamada, se necessário.
A vitória limpa da continuidade foi conseguida e deixou incrédulos
os adversários e mercenários da mudança. Mas nem tudo deverá ser continuidade! Foi
uma vitória para acabar definitivamente com a pobreza e a privação de condições
básicas. Foi uma vitória para fazer uma profunda reforma agrária e tornar menos
pesado o trabalho agrícola. Foi uma vitória para acabar com os «My Love» nas
nossas cidades, os transportes que nos sujam as roupas antes de chegarmos aos
locais de labor. Foi uma vitória para acabar com a corrupção. Foi uma vitória
para que os competentes sejam valorizados. Foi uma vitória para que os jovens
tenham emprego sem precisarem de «padrinhos». Foi uma vitória para que
funcionários da saúde, da educação, os polícias, enfim, todos os servidores
públicos, tenham cada vez mais e melhores salários e promoções. Foi uma vitória
para que as escolas tenham carteiras, para que os hospitais tenham medicamentos.
Felizmente, os nossos parceiros internacionais
reconheceram em várias mensagens esta a vitória. Não vamos pedir a
oposição que o faça. Não temos necessidade disso. Não temos qualquer
ressentimento contra ela, apesar de ela estar a lutar para subestimar esta
vitória, a vitória do povo. Porém, ela nunca será capaz da grandeza que tem o
povo nas suas lutas, nascidas da dor e da esperança, um povo herdeiro dos pais
da pátria determinado a conquistar a independência económica do seu país. É em
conformidade com os ditames do tempo e do destino que Nyusi veio pegar o leme
para que toda a nação continue como uma família, sempre firme na sua fé na
imperecivilidade do seu solo e do longo caminho que lhe resta percorrer.