segunda-feira, 6 de maio de 2013

Contra o discurso Tribalista da Renamo

"A Frelimo enviou polícias e militares do Sul para atacar a população do centro. Despachou 'machanganas' para matar 'chingondos' em Muxúnguè, mas os 'chingondos' responderam", Arlindo Milaco, chefe de mobilização nacional da Renamo.
  
Ressentimos hoje, 20 anos depois, os efeitos dos carros emboscados pela Renamo nas colunas militares. Talvez a juventude não saiba as razões históricas da falta de transporte com qualidade. Tendo passado duas décadas, sempre trabalhando e lutando com acrisolado amor ao povo, é com mágoa que ressentimos hoje, a falta de quadros públicos a todos os níveis chacinados pela Renamo como meio de criar impacto maior na instabilidade nacional. É preciso reconhecer que também tivemos culpa no cartório mas nós tínhamos chegado a ponto de contar apenas com a força do nosso braço e a grande vontade de vencer. O país ressente hoje a falta de estradas e pontes outrora minadas – recordemos do Pungue –, das fábricas outrora desenvolvidas a Norte do Save. Ora isto é, realmente, muito, mas não é tudo. Espanta-nos que, não obstante ser verdade, após todos os danos que a Renamo causou pelas próprias mãos venha reclamar que não há desenvolvimento, que há má distribuição da riqueza, que o norte está mal. É com algodão nos tímpanos que ouvimos da vossa boca que pretendeis dividir o país, cuja unidade foi regada com sangue! A Frelimo, devidamente auxiliada pela razão tende reconstruir o país! Não sejais porta-vozes do diabo e nem aspireis viver a hipocrisia. É injusto que vivendo anos ininterruptos na capital e no sul em geral, casados com as mulheres e com os homens de todas as tribos comeceis a chamar tribalista quem vos acolheu a ponto de esquecerdes os vossos, lá no Norte.

Nós suportamos os anos do repolho e de carapau e agora que erguemos o país dos escombros, eis que apareceis para destrui-lo novamente! Quereis ir alimentar novamente a indústria de Carne do Botswana conseguida pela bicha? Talvez não saibais que enquanto acabáveis o gado das já pobres comunidades nós comêssemos a carne vinda do Botswana! Talvez não compreendeis pois enquanto nós não tínhamos dinheiro para comprar algo vós penetráveis pela mata de onde regressáveis com algumas gazelas. Nós somos sobreviventes do grande desespero, engolidos pela vingança humana! Nós já fomos acordados pelo som da espingarda. Nós já sofremos ataques de três/quatro forças! Ainda recordamos o Janeiro de 1982 quando a República da África do Sul atacou Matola, através de comandos e mercenários que se infiltraram pela zona de Ressano Garcia. Em vez de ficarmos choramingando, a voz de Samora animou-nos ao dizer «que venham»! Que apareçam! Ainda temos na memória o 17 de Agosto de 1982 em que foi morta a bomba mulher de Joe Slovo, Ruth First. Aí na UEM. Não esquecemos o 7 de Abril de 1988 em que Albie Sachs escapou sem braço a um ataque similar que deflagrou no seu carro.
Ultimamente, antes de Dhlakama embarcar para Gorongosa, por ocasião do 17 de Outubro, de onde tem lançado as suas ameaças, perguntamo-nos: porque não vai até Maputo ou Beira? Nós teríamos grande prazer em lhe fazer as honras da casa. As nossas cidades precisam de pessoas do seu valor, que a visitem, a percorram, a estudem, porque fazem parte integrante e inseparável da nossa nação. Como até hoje, não se lhe deparou oportunidade, para fazer essa viagem, da qual, indubitavelmente, adviriam resultados profícuos, não só para enriquecer a nossa auto-estima, mas também para esclarecer vários e importantíssimos problemas nacionais, lembramo-nos (vede a nossa ousadia)  de lhe oferecer esta modesta e humilde promessa, sem nenhum valor divino, mas que, talvez, lhe possa sugerir a ideia de se dedicar a assuntos nacionais: as portas do diálogo estão abertas. Valer-lhe-á a honra de ter o seu glorioso contributo em avisar ao Dhlakama que pare de ameaças, a Frelimo já aprendeu. Em 2013 os 43 municípios passarão, na sua totalidade, ao glorioso, sem pena nem dó. Quanto a materialização das repetidas ameaças responderemos com Samora: «que venham! Que apareçam!».
 
Pedro MAHRIC

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