Contrariamente ao que era de supor, a recente greve promovida pelos médicos moçambicanos e amplamente apoiadas pelos seguidistas da oposição teve efeitos contraproducentes e politicamente indesejados pelos seus apologistas. A oposição, calada e muda, não soube sequer sugerir uma única medida alternativa senão repetir o mesmo slogan de sempre: diálogo, como se o diálogo fosse em si mesmo uma solução ou um fim quando é, na essência, um meio, desta vez menos mal que a vi do silêncio. Nos países onde há oposição digna desse nome, as crises são aproveitadas para discutir a agenda política dos partidos e das individualidades e este debate só pode ser aberto por iniciativa da oposição activa e actuante, sem agenda sovaqueira. No nosso caso, vimo-la metida no silêncio sepulcral enquanto espreitava, de quando em vez, o que sucedia no facebook, na rádio, na tv e nos jornais para consolidar a sua ideia preconcebida de que no solo dos heróis estava em marcha uma revolução. Grande engano, grande desilusão! Mas os efeitos colaterais daquela greve não pararam por aí. O alcance do seu veneno descredibilizou mais a imprensa independente uma vez que, em vez de informar o que acontecia no terreno limitou-se a atacar a imprensa pública esquecendo-se que cada um estava a agir segundo a sua linha editorial. Inclua-se nisso o aproveitamento político e até económico que os Jornais manifestaram a ponto de, em certos casos, perderem-se os valores que a moral pública aconselha. Parece-me mais certo que dois coelhos foram abatidos numa única cajadada e a oposição, mais do que perder a oportunidade de ficar calada, perdeu uma das poucas ocasiões em que consolidaria a sua visibilidade na arena nacional.
Pedro MAHRIC
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