sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Uma bússola para o colapso chamada Renamo

No Notícias de 24 de Setembro corrente, do Centro de Conferência Joaquim Chissano não saiu nenhum fumo branco. A Renamo voltou a insistir na imperiosa movimentação das forças de segurança estacionadas em Gorongosa e Vanduzi como condição para o seu líder aceitar deslocar-se a Maputo ao encontro com o presidente da República. Estamos assistir serenamente a um partido político dar ordens a um governo sobre onde e quando deve colocar as forças operacionais. Mas a Renamo não está só movida por forças motrizes internas e a sua insistência em impor a presença de observadores internacionais é prova inequívoca de estar ao serviço de poderes estranhos aos interesses nacionais. Não é a transparência! A Renamo confia mais nos estrangeiros do que em moçambicanos. Se, nopassado, praticamos o erro e lhe sofremos os prejuízos, saibamos ao menos aproveitar dele a lição: aceitar, sem salvaguarda suficiente, teses estrangeiras construídas para a defesa directa ou indirecta de interesses que não são os nossos  é preferir ao risco de morte na guerra a certeza do suicídio  na paz. Que os estrangeiros não nos entendam ou não lhes convenha entender-nos – vá!. Mas sabendo todos, de História certa e feita de experiências ainda a sangrarem, não ser hoje possível com a Renamo qualquer entendimento que não se dirija, a ritmo vertiginoso, para a destruição de Moçambique em seu património moral e material, já custa muito admitir que algum moçambicano possa pôr em causa a política do Governo, na medida em que ela defende, pela palavra e pelo sangue, a integridade da nação e a resolução dos problemas nacionais por moçambicanos.
 
Até porque, diz o mesmo Jornal, o Governo dá à Renamo a possibilidade de aumentar o número de integrantes do seu grupo negocial. Enquanto isto, informações que nos chegam do palco dos confrontos não dão margem para dúvida. A Renamo continua ela própria com o seu plano primordial dos tempos da glória: destruir e matar enquanto engana, aos ecráns, a opinião pública, de estar interessada no diálogo. O diálogo, como é agora moda dizer-se, só pode ser estabelecido, e é indispensável, acerca de problemas nacionais que comportem mais do que uma solução nacional. Mas não há diálogo sobre o «sim» e o «não» porque não pode transacionar-se o que é insusceptível de ser transacionado. Nós sabemos – e nisso o mundo inteiro está de acordo connosco – que qualquer negociação sobre a situação política actual recorrendo aos negociadores estrangeiros corresponderia fatalmente a aceitar que deixasse de ser moçambicana uma parte dos problemas moçambicanos. Os defensores da caducidade histórica da Renamo pretendem forçar a situação a fim de integrarem o Governo por vias não democráticas e assim, poderem reconhecer que, de facto, o governo moçambicano é inclusivo. Dai que o diálogo sobre a política que sustenta a solução de concessão unilateral, na diversidade das suas opiniões, só tenha viabilidade e sentido no plano em que os renamistas se vejam no poder e com reforma garantida.
 
Não sei de um só homem  que, forçado a reconhecer a brutalidade objectiva  da situação do caos a que as forças da Renamo meteram parte do solo pátrio, tenha a coragem de defender o negócio com os estrangeiros sobre a política nacional, para maior bem estar imediato do país e para aplauso pelo estrangeiro de um governo que, traindo a pátria, logo seria considerado o mais representativo de quantos governam o mundo livre. Por este preço não. Não conheço, aliás, governo de nação digna desse nome que precise de recorrer a prévio reconhecimento derrotista para defender a integridade do solo pátrio. Mas o levantamento do povo por Moçambique, o seu sofrimento por Moxungue, que mais expressivo e mais solene exemplo? A Renamo Sabota o progresso, ela sabota negociações e, por cima, sabota as vias para a construção dos caminhos para o entendimento. Só lhe não poderemos chamar «sabotagem» por ser ela o coro, a uma só voz, de todos os que lançam a culpa, no seu direito, ao governo. Todavia, aos que duvidaram, há poucos meses, da possibilidade de dominarmos o terrorismo da Renamo, a nação, virada ao futuro, responde hoje com a sua política de diálogo interno. Hoje, nós podemos dizer-lhes que, na hora incerta do Mundo, esta é a hora certa de Moçambique e para moçambicanos que recusam seguir a bússola do colapso sustentada pela Renamo.
 
Pedro MAHRIC

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A Queda da Renamo e a Dupla Hipocrisia do MDM

Começo por uma opinião que expressa a minha indignação pelos acontecimentos da Beira e da Matola que, à primeira vista, são imputados à Organização da Juventude Moçambicana (OJM). Adão e Eva são os únicos humanos que deveriam ser pintados sem umbigo, pois não nasceram de pessoa humana, foram criados do nada e, portanto, nunca tiveram um cordão umbilical que os unisse a uma mãe. Esta máxima baseada no critério realista da narração bíblica não vem por acaso. Dadas as calúnias na época que passa, bem como as realizadas no passado, e aberto o caminho aos políticos que levará os moçambicanos à sua maioridade política, já não é possível a OJM continuar a agir como se nada tivesse acontecido. Perseguida politicamente pelo Movimento Democrático de Moçambique, (MDM), caluniada e privada do direito a expressar os seus ideais, ela deve seguir pelo caminho da rectidão: defender-se. Pode ser por palavras, e mostrar ao mundo que não é adepta da violência. O Modus Operandi do MDM nestes casos (Beira e Matola) não difere daquele seguido pelo seu progenitor, a Renamo. Consiste em produzir factos para legitimar fraudes fantasmas. Agora escolheram a OJM como alvo e não sabemos quem será o próximo alvo de/para linchamentos.
 
Numa época em que honrada e seriamente se procura a verdade, e nos esforçamos por harmonizar o país real com os conceitos e as ansiedades políticas, não se podem pôr de lado questões tao intimamente ligadas à juventude como a problemática da perseguição política a que os seus militantes estão votados. Há quem simule não ser esta uma perseguição, por se tratar de as vítimas estarem mais próximas ao partido no poder. Não! Voltemos a Adão e Eva para vermos que, diferentemente deles, os seus descendentes praticam todo o tipo de maldades para parecerem limpos sujando os demais descendentes. O MDM, após apoiar a actual lei eleitoral, abraçou a causa da paridade, defendida pela Renamo. Ao abraças a causa do pai não é verdade que a tenha abraçado de corpo e alma. Foi uma estratégia para estrangular a Renamo, deixando-a cair na lama em como se tivesse razão, quando por detrás, esfregava as mãos para ocupar o seu próprio lugar. O criador foi traído, numa ratoeira perpetrada pela criatura! Antes que a Renamo descubra esta traição consumada, é preciso procurar novo foco de atenções e, neste caso, o sorteio caiu sobre a OJM. O respeito ao que é alheio e o trabalho são premissas indispensáveis. Contrassenso, alguns pautam por inundar Jornais de calúnias contra a Frelimo, e estas calúnias manifestam-se na imprensa diária. E fazem destas calúnias um programa político quando o criticado trabalha em vista a garantir a boa colheita.


A importância destas difamações é amplamente demonstrada nas falácias dos moralistas da nossa era, ou seja, os iluminados. Se num jornal aparece um artigo «desguebuzando …. qualquer coisa », o caso não tem nada de ridículo, mas antes de muito sintomático. É preciso considera-lo como uma tentativa formal dos lunáticos para se aproximarem da verdade e da franqueza, fugindo ao mesmo tempo da sua dupla hipocrisia: afastarem-se da Renamo ao mesmo tempo que abraçam os ideais daquele partido militarizado. Precisamos de nos defrontar com  uma moral MDMista que se apresenta com o disfarce da honestidade e observância dos bons costumes, quando realmente, no seu interior, está completamente podre. Articulistas como Amosse, Américo, Mablinga, entre outros, desmascararam desapiedadamente a hipocrisia dos que se intitulam democratas. Sim, deveriam sentir-se envergonhados quando se identificam com a paridade, e aparentemente virtuosos, porque não estão amadurecidos para a verdade. A Hipocrisia deles consiste em terem apoiado a actual lei e hoje fazerem-se de adeptos da paridade quando no fundo, quiseram enganar a Renamo para está julgar caminhar ao lado da razão quando, no fundo, querem apoderar-se do vazio deixado pelo pai para, de seguida, proclamarem uma vitória hipócrita como segunda força política. Seria necessário que nesta centúria os desertores da Renamo se sentissem amadurecidos para a democracia, em consequência das nossas experiências vividas e descobrissem que o seu verdadeiro inimigo são seus apetites políticos. A Renamo foi traída a partir de dentro e resta-lhe um único caminho: definhar-se nas matas e esperar pelos dias subsequentes a 20 de Novembro.

Romper com a dupla hipocrisia do MDM é uma urgência. Significa acabar com o conceito de que esta força ocupa uma posição vantajosa, tolerando-se-lhe o que se costuma proibir ao partido no poder com a ameaça de pena de morte a este último.  O conceito de respeito às diferenças políticas exige uma resposta sincera e decisiva: sim ou não à calúnias infundadas. Nada de divagações. Requer uma tomada de posição em que reconheça ao partido no poder o seu direito de fazer política segundo os seus ideais. O MDM foge da sua responsabilidade, numa maratona coberta de hipocrisia para sufocar a Renamo. E os resultados estão à vista de todos. Com respeito ao especialismo tema da politica de hoje, urge uma resposta. Porque só agora a paridade interessa ao MDM? Seria presunção procurar respostas para todas as questões não postas. Em todo o caso, parece deslocado aconselhar, sobretudo a este partido, sobre o modo de encarar a sua vida política, falar-lhe  do significado da democracia e da responsabilidade, quando possivelmente nele se desconhecem coisas tão elementares como o respeito as diferenças e a não interferência nos assuntos de outros partidos. A Renamo está a cair. Tal é a sorte de um castelo edificado na areia. Em parte, por culpa própria, em parte porque o destino não se escolhe.

Pedro MAHRIC