quarta-feira, 11 de setembro de 2013

A Queda da Renamo e a Dupla Hipocrisia do MDM

Começo por uma opinião que expressa a minha indignação pelos acontecimentos da Beira e da Matola que, à primeira vista, são imputados à Organização da Juventude Moçambicana (OJM). Adão e Eva são os únicos humanos que deveriam ser pintados sem umbigo, pois não nasceram de pessoa humana, foram criados do nada e, portanto, nunca tiveram um cordão umbilical que os unisse a uma mãe. Esta máxima baseada no critério realista da narração bíblica não vem por acaso. Dadas as calúnias na época que passa, bem como as realizadas no passado, e aberto o caminho aos políticos que levará os moçambicanos à sua maioridade política, já não é possível a OJM continuar a agir como se nada tivesse acontecido. Perseguida politicamente pelo Movimento Democrático de Moçambique, (MDM), caluniada e privada do direito a expressar os seus ideais, ela deve seguir pelo caminho da rectidão: defender-se. Pode ser por palavras, e mostrar ao mundo que não é adepta da violência. O Modus Operandi do MDM nestes casos (Beira e Matola) não difere daquele seguido pelo seu progenitor, a Renamo. Consiste em produzir factos para legitimar fraudes fantasmas. Agora escolheram a OJM como alvo e não sabemos quem será o próximo alvo de/para linchamentos.
 
Numa época em que honrada e seriamente se procura a verdade, e nos esforçamos por harmonizar o país real com os conceitos e as ansiedades políticas, não se podem pôr de lado questões tao intimamente ligadas à juventude como a problemática da perseguição política a que os seus militantes estão votados. Há quem simule não ser esta uma perseguição, por se tratar de as vítimas estarem mais próximas ao partido no poder. Não! Voltemos a Adão e Eva para vermos que, diferentemente deles, os seus descendentes praticam todo o tipo de maldades para parecerem limpos sujando os demais descendentes. O MDM, após apoiar a actual lei eleitoral, abraçou a causa da paridade, defendida pela Renamo. Ao abraças a causa do pai não é verdade que a tenha abraçado de corpo e alma. Foi uma estratégia para estrangular a Renamo, deixando-a cair na lama em como se tivesse razão, quando por detrás, esfregava as mãos para ocupar o seu próprio lugar. O criador foi traído, numa ratoeira perpetrada pela criatura! Antes que a Renamo descubra esta traição consumada, é preciso procurar novo foco de atenções e, neste caso, o sorteio caiu sobre a OJM. O respeito ao que é alheio e o trabalho são premissas indispensáveis. Contrassenso, alguns pautam por inundar Jornais de calúnias contra a Frelimo, e estas calúnias manifestam-se na imprensa diária. E fazem destas calúnias um programa político quando o criticado trabalha em vista a garantir a boa colheita.


A importância destas difamações é amplamente demonstrada nas falácias dos moralistas da nossa era, ou seja, os iluminados. Se num jornal aparece um artigo «desguebuzando …. qualquer coisa », o caso não tem nada de ridículo, mas antes de muito sintomático. É preciso considera-lo como uma tentativa formal dos lunáticos para se aproximarem da verdade e da franqueza, fugindo ao mesmo tempo da sua dupla hipocrisia: afastarem-se da Renamo ao mesmo tempo que abraçam os ideais daquele partido militarizado. Precisamos de nos defrontar com  uma moral MDMista que se apresenta com o disfarce da honestidade e observância dos bons costumes, quando realmente, no seu interior, está completamente podre. Articulistas como Amosse, Américo, Mablinga, entre outros, desmascararam desapiedadamente a hipocrisia dos que se intitulam democratas. Sim, deveriam sentir-se envergonhados quando se identificam com a paridade, e aparentemente virtuosos, porque não estão amadurecidos para a verdade. A Hipocrisia deles consiste em terem apoiado a actual lei e hoje fazerem-se de adeptos da paridade quando no fundo, quiseram enganar a Renamo para está julgar caminhar ao lado da razão quando, no fundo, querem apoderar-se do vazio deixado pelo pai para, de seguida, proclamarem uma vitória hipócrita como segunda força política. Seria necessário que nesta centúria os desertores da Renamo se sentissem amadurecidos para a democracia, em consequência das nossas experiências vividas e descobrissem que o seu verdadeiro inimigo são seus apetites políticos. A Renamo foi traída a partir de dentro e resta-lhe um único caminho: definhar-se nas matas e esperar pelos dias subsequentes a 20 de Novembro.

Romper com a dupla hipocrisia do MDM é uma urgência. Significa acabar com o conceito de que esta força ocupa uma posição vantajosa, tolerando-se-lhe o que se costuma proibir ao partido no poder com a ameaça de pena de morte a este último.  O conceito de respeito às diferenças políticas exige uma resposta sincera e decisiva: sim ou não à calúnias infundadas. Nada de divagações. Requer uma tomada de posição em que reconheça ao partido no poder o seu direito de fazer política segundo os seus ideais. O MDM foge da sua responsabilidade, numa maratona coberta de hipocrisia para sufocar a Renamo. E os resultados estão à vista de todos. Com respeito ao especialismo tema da politica de hoje, urge uma resposta. Porque só agora a paridade interessa ao MDM? Seria presunção procurar respostas para todas as questões não postas. Em todo o caso, parece deslocado aconselhar, sobretudo a este partido, sobre o modo de encarar a sua vida política, falar-lhe  do significado da democracia e da responsabilidade, quando possivelmente nele se desconhecem coisas tão elementares como o respeito as diferenças e a não interferência nos assuntos de outros partidos. A Renamo está a cair. Tal é a sorte de um castelo edificado na areia. Em parte, por culpa própria, em parte porque o destino não se escolhe.

Pedro MAHRIC

2 comentários:

  1. Caríssimo, acho injusto e até de certa forma incauto tentar entender as acções da RENAMO como resultado de qualquer posicionamento do MDM. A RENAMO sempre agiu por conta própria. Quando essa formação partidária decidiu que não deveria participar das eleições autárquicas em 1998, não existia nenhuma "cria" que incentivou-a a fazer isso. Segundo, é falacioso fazer uma afirmação que deixa implícito que concordar com alguma coisa é o mesmo que concordar com tudo, isso se chama SUPERSIMPLIFICAÇÃO. O facto de o MDM estar a favor da actual lei eleitoral não significa que esteja de acordo com todos os pontos, e o contrário também é verdadeiro, estar a favor da questão da paridade e por consequência contra a proporcionalidade prevista nessa lei, não significa estar contra toda lei, é um falso dilema meu caro. A posição do MDM em relação a CNE é pública, na pessoa do seu presidente, veio a bem pouco tempo defender a ideia de despartidarização total da CNE, mas, no momento, face a falta de confiança e credibilidade da CNE, que o árbitro do jogo, o partido se alinha circunstancialmente a ideia de que se deverá criar uma CNE paritária, como um período de "transição" para uma CNE profissionalizada.

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    1. Caro Olívio

      Agradeço imensamente o seu comentário esclarecedor. A despartidarização total da CNE foi proposta da Frelimo e prontamente recusada pela Renamo. É exactamente ao alinhar-se circunstancialmente a ideia de que se deverá criar uma CNE paritária que o MDM deixa transparecer uma certa hipocrisia conquanto a presente lei eleitoral resulta da sua aprovação.

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