Rajadas ciclónicas sopram de vários quadrantes
na tentativa de destruir pela raiz a Frelimo cujas linhas mestras de sua
edificações algumas vezes foram cobertas pela argamassa de erros grosseiros,
preço que a Humanidade paga na sua peregrinação pela Terra. Todas estas rajadas
se filiam numa filosofia de agressão e de violência que sempre a Frelimo
repudiou e que não podem conduzir a nada de perdurável. Todos sabem que ela
odeia o tribalismo e defende a unidade nacional. A sua determinação a este
respeito representa bem mais do que a garantia da independência, estágio político
social entre nós já ultrapassado. Estamos no período eleitoral e precisamos de
nos precaver dos vende-pátrias camuflados de patriotas. Estão aos montes com
objectivo de criar caos e quebrar a nossa unidade. Nesta altura, em que o país entrou no período
eleitoral, desejaria recordar as figuras mais representativas dessa nação.
Figuras que edificaram o país no sentido que a alma popular ansiava: os
libertadores da pátria. Completa-se neste Setembro meio século desde que eles
foram obrigados a optar pela revolução de sangue, pelas circunstâncias do
momento. Desejaria lembrar os mortos e os vivos, os mais notáveis e os mais
humildes dos seus servidores, o povo inteiro, que foi suporte natural do
sucesso, sem cuja adesão tudo seria difícil de realizar. Desculpai a referência
neste momento e nestas circunstâncias a uma grata recordação que me assalta o
espírito e que de algum modo me servirá de credencial quando a Frelimo, um dos
melhores e mais organizados partidos de África, for reconduzido ao poder.
Desejaria recordar as forças armadas que
garantiram a arrancada dessa fase e ainda recentemente se bateram nas serras da
Gorongosa e em arvoredos de Moxungue, pelos seus supremos objectivos: a
integridade da Pátria e o seu progresso. Desejaria recordar o mais alto
magistrado da nação, Armando Emilio Guebuza, que na série das grandes figuras
que ocuparam essa magistratura vem desenvolvendo uma actividade que o torna
credor da nossa gratidão. Ele é o maior intérprete desta época da nossa
História, a quem todos, como moçambicanos, devemos uma dívida que não se salda,
até porque, sem ele, alguns críticos iluminados talvez já o não pudessem fazer
nessa qualidade. Quero apresentar a ele a minha homenagem, na certeza de
interpretar o sentimento de toda a população com quem cruzei e cujas histórias
sobre ele ouvi com atenção. Acredito, para terminar, que os moçambicanos não
vão passar por cima do preceito sagrado, segundo o qual a comida para os filhos
não pode ser entregue aos porcos. Dirigir um país, como sabiamente foi sendo
dirigido, não é tarefa para aventureiros, umbiguistas, intriguistas e,
sobretudo, tribalistas. Recordemos que com a Frelimo, povoações que mal
despontavam são agora grandes urbes. Estradas, aeroportos, caminhos de ferro,
fábricas, centrais eléctricas, estabelecimentos comerciais, grandes fazendas
agrícolas, universidades, escolas, hospitais, pontes, numa palavra, o progresso
surge, irrompe por todos os lados e, apesar de tudo, cada vez com maior
pujança.
De resto, honestamente, não se percebe como,
quando e por quem deve ser exercido o poder, sem a Frelimo. Na verdade, se é
certo que a oposição assentou no princípio de mudança, doutrina que não nos
trouxe qualquer novidade teórica ou prática, absteve-se de estabelecer uma definição
prática sobre como ela própria a materializa nos seus feudos, aliás uma
administração danosa e inútil. Mas pretendeu de facto trazer um conceito
fantasioso e nessa ordem de ideias faz de conceitos um programa político. Para
nós, uma boa mudança dos nacionalistas aos tribalistas, seria, portanto,
inaplicável, como tantas vezes tem sido dito e redito. Mas admitindo por mera hipótese, que assim não
fosse, bastará uns tantos habitantes de determinado território segredarem na
intimidade das suas casas ou mesmo na praça pública que desejam mudanças para
se dever ganhar eleições?! Será razoável que missivas de uma ou de algumas
dezenas de cidadãos dirigidas a uma praça, ou meia dúzia de tiros na Gorongosa
ou uma insurreição fabricada possam pesar de tal modo que ponham em jogo o
destino da Frelimo e, com ela, do pais? Será correcto, será justo, será sequer admissível que em
nome das mudanças assim concebidas se destrua a unicidade da nação por meio de
voto?
Vai para 20 anos
que as populações do país realizam diariamente o mais autêntico, o mais
eloquente e o mais exigente de quantos plebiscitos lhes poderiam ser pedidos para
manifestação da sua vontade. Neste momento, qualquer mudança é má, perigosa e
nociva. Podemos espreitar para os países que tentaram provar o veneno da mudança.
Se não recuaram, estão estagnados, se não venderam o a soberania tiveram que recomeçar.
Isso nos auxilia a interpretar o verdadeiro sentido e objectivos das supostas
mudanças: substituição aparente do poder político e manutenção e extensão de
zonas de influência sem responsabilidades da soberania, ou seja, um
neocolonialismo de índole puramente materialista e neocolonial. Algumas pessoas
que vivem em flats que graças a nacionalização a Frelimo lhes deu não sabem que
caso haja mudança os proprietários de tais flats virão conforme o compromisso
secreto orquestrado pelos partidos da oposição. Por outras palavras, diz-se que
as coisas nacionalizadas deverão ser entregues aos donos, isto é, aos
colonialistas ou aos seus descendentes, a troco de ajudas monetárias. Imaginemos quanto foi
nacionalizado e quanto beneficio adveio disso. O progresso, como atrás me referi, processa-se
a um ritmo verdadeiramente impressionante, nesta nossa terra. E porquê? Porque ao
povo foi informado que a única forma de sair do retrocesso é pelo trabalho,
pela auto-estima e pelo abandono da vida de mão estendida. Segundo narra o Génesis,
Deus disse a Adão, depois do pecado original: “tirarás da terra o teu sustento
com muitas fadigas todos os dias da tua vida. Comerás o teu pão com o suor do
teu rosto, até que te tornes na terra de que foste tomado: porque tu és pó e em
pó te hás-de tornar”. O homem expulso do paraíso, isto é, o homem
entregue a si próprio, determinando-se por seu livre arbítrio, havia de
edificar o mundo em que tinha de viver. Este penoso encargo constitui a
história do nosso tempo. Unidade, Trabalho e Vigilância! E são estes
princípios, são estes valores supremos que desde o berço frutificaram na nossa
pátria e se vêm transmitindo de geração em geração, as grandes armas de que nos
temos servido em todas as épocas da nossa história recente e que ainda hoje
empregamos com a mesma generosidade e a mesma fé nos duros combates em que
estamos empenhados. Disse!
Pedro, MHRIC