terça-feira, 25 de novembro de 2014

Carta à Dhlakama (1)


Senhor Presidente da Renamo! Excelência. Escrevo para vos alertar o que tenho visto. Existe uma corrente de opinião de algumas pessoas que nem sequer professam o renamismo a tentar agitar para que não aceiteis o Estatuto de Líder da Oposição. Estranhamente, Senhor Presidente, outros tantos vivem, como eu, em países longínquos. O que move a estas pessoas é mais o ódio à Frelimo do que o amor à Renamo. Não vos desejam o bem, nem descanso honrado que o Presidente Guebuza vos prometeu. Não desejam uma Renamo reabilitada para, na sua fragilidade, irem preenchendo o vazio.  O que liga a Renamo e o Governo não é apenas a divergência mas também, acima de tudo, uma longa história de visão e esforços comuns de como melhorar a vida dos moçambicanos. As dificuldades que surgiram na implementação do acordo de Outubro de 1992 tornaram essencial mais uma tentativa de eliminar os mal-entendidos e obstáculos à reconciliação final, o que foi conseguido em Setembro. É evidente que, com aquele aperto de mão, foi evitada uma armadilha que poderia ter-se desenvolvido numa situação intolerável e potencialmente catastrófica. Vós fostes, tardia e corajosamente a luta eleitoral mas, não está nas mãos do homem parar o curso de um destino que, por negligência ou falta de senso, foi desencadeado.

A ideia do Estatuto do Líder da Oposição não é para vos forçar a aceitar os resultados de Outubro. É uma ideia anterior ao escrutínio que ainda não tinha vencedor e está de acordo com o ponto de vista do Presidente Guebuza, com quem assinastes o acordo do fim das recentes hostilidades militares. E também é do interesse da maioria dos renamistas que vos deseja o bem, que vos querem mais próximo da casa do povo de onde saem as principais decisões da nação. A intenção subjacente na ideia do PR foi criar um desanuviamento das relações que garantissem aos simpatizantes da Renamo, nos limites da lei, os mesmos direitos dos outros cidadãos. Ao mesmo tempo, haveria um acto de conciliação sob a forma de amnistia geral e de um melhoramento de entendimento através de conversações mais estreitas e amigáveis nas várias esferas da vida sócio-política do país. Tende perante vós um grande desafio: aceitar ou recusar este estatuto!

Apraz-me prestar tributo a vós, Senhor Presidente da Renamo, pelos vossos esforços para encontrar, juntamente com o Presidente Guebuza, um caminho que é tanto do interesse da Renamo como de todo o povo moçambicano, do qual todos somos filhos independentemente do nosso local de nascimento, do nosso credo político, enfim, da nossa peculiaridade. Ao abandonar a mata, e desde então, destes o vosso contributo para a paz no país. A calma que mantendes é do conhecimento geral. Acima de tudo, deve mencionar-se a vossa cooperação para que a lei seja respeitada quando afirmastes pretender ver respeitada a lei. É meu sincero desejo ver esta postura calma e serena cada vez mais consolidada. Penso que a vossa Renamo não é um partido bélico, porém, como ficou demonstrado, não desejando a guerra não a teme, ama a paz mas também ama a sua honra e a sua liberdade. Encontramo-nos ainda na fase preliminar de uma das maiores batalhas da nossa história: a batalha por um Moçambique mais desenvolvido e só o conseguiremos trabalhando juntos. Aceitai este Estatuto!


Assim, estareis a servir o povo e a tornar o seu destino mais feliz. Aceitai o Estatuto de Líder da oposição, uma instituição cujas funções devem ser vistas como um meio para atingir a inclusão. Sereis julgado pela história de acordo com os serviços que prestardes. Peço agora a Deus que, nos dias que vêem, abençoe a vossa consciência, as vossas acções, a vossa determinação de manter a paz; que Ele vos proteja da arrogância e da subserviência cobarde daqueles que à vossa custa pretendem gozar a vida de luxo enquanto vós sofreis; que Ele vos ajude a encontrar a coragem necessária para, mesmo na dúvida, confiar no capítulo que o Governo pretende abrir e fazer o que está correcto nunca esmorecendo ou franquear perante nenhum perigo que representam aqueles que carregastes aos ombros e que desejam sugar-vos até a última gota do vosso sangue. Vinde Senhor Presidente da Renamo, avancemos com a união da nossa força. Que Deus vos abençoe!



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