Estamos a chegar ao fim de uma semana triste, assolada por
uma terrível invenção humana sobre o desentendimento entre patrões e
funcionários, a greve. Hoje em dia, é difícil ser-se optimista, não só porque o
governo está no limite das suas capacidades mas também porque os grevistas
refinaram os seus instrumentos de progressão. Mas deve-se ser optimista porque
o país revela, dia após dia, não ser, de modo nenhum, uma frágil flor. A diversidade
de opiniões em torno do mesmo tema é sinal claro de uma maturidade inquestionável.
A força do movimento grevista demonstra a verdade contida
numa anedota que se conta em segredo na minha terra. Diz-se que quando um cego diz
«vou-te bater» é porque pisou uma pedra. Os historiadores que no futuro
analisarem esta semana observarão a constante moderação e intenções pacíficas
por parte do Governo e a violência inicialmente tomada por alguns dos grevistas.
Observarão que foram os grevistas que não quiseram seguir o caminho de diálogo.
Observarão certamente que não foi o governo que fechou as morgues e os armazéns
de mantimentos.
Se a História ensina alguma coisa, ensina que a ilusão face
aos factos adversos é uma loucura. Hoje em dia, vemos à nossa volta marcas do
nosso terrível dilema – previsões do juízo final, manifestações anti-éticas e
incerteza de como isto irá acabar. Ao mesmo tempo vemos forças totalitárias que
compram Jornalistas que fomentam a sublevacao e o conflito em todo o país para
promoverem o seu bárbaro assalto ao espírito humano. Qual é, então, o nosso
caminho? Terá Moçambique que perecer sob a selvática tempestade grevista? Terá a
liberdade dos doentes de definhar, numa acomodação passiva e muda ao mal
totalitário?
O governo recusou-se a aceitar a inevitabilidade da greve
sob uma chantagem. Pois é exactamente esta a nossa missão hoje: promover a harmonização
dos benefícios sociais. Ironicamente, os grevistas não tem razão. Estamos a
assistir actualmente a uma grande crise, uma crise em que as exigências de
ordem económica chocam directamente com as de ordem ética. Mas a crise não está
a acontecer no Governo livre, e sim na pátria da revolta: na AMM. É a AMM que
rema contra a maré da história ao negar a liberdade de irem trabalhar aos seus
associados. É a AMM que tem vergonha de como sair dessa sem um compromisso.
Sem comentários:
Enviar um comentário