sexta-feira, 24 de maio de 2013

Estamos a chegar ao fim de uma semana triste, assolada por uma terrível invenção humana sobre o desentendimento entre patrões e funcionários, a greve. Hoje em dia, é difícil ser-se optimista, não só porque o governo está no limite das suas capacidades mas também porque os grevistas refinaram os seus instrumentos de progressão. Mas deve-se ser optimista porque o país revela, dia após dia, não ser, de modo nenhum, uma frágil flor. A diversidade de opiniões em torno do mesmo tema é sinal claro de uma maturidade inquestionável.
Se a História ensina alguma coisa, ensina que a ilusão face aos factos adversos é uma loucura. Hoje em dia, vemos à nossa volta marcas do nosso terrível dilema – previsões do juízo final, manifestações anti-éticas e incerteza de como isto irá acabar. Qual é, então, o nosso caminho? Terá Moçambique que perecer sob a selvática tempestade grevista? Terá a liberdade dos doentes de definhar, numa acomodação passiva e muda ao mal totalitário?
A força do movimento grevista demonstra a verdade contida numa anedota que se conta em segredo na minha terra. Diz-se que quando um cego diz «vou-te bater» é porque pisou uma pedra. Os historiadores que no futuro analisarem esta semana observarão a constante moderação e intenções pacíficas por parte do Governo e a violência inicialmente tomada por alguns dos grevistas. Observarão que foram os grevistas que não quiseram seguir o caminho de diálogo. Observarão certamente que não foi o governo que fechou as morgues e os armazéns de mantimentos.

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